HISTORIA
>>> https://www.youtube.com/watch?v=QdQHTQAtT8M
Existem certas situações que provam quem realmente está no nosso lado, e quem são os nossos verdadeiros amigos. Posso dizer que isso aconteceu comigo no aniversário de alguém que dizia ser minha melhor amiga. Uma parte de mim agradece enquanto a outra odeia relembrar daquela noite.
Minha suposta melhor amiga resolveu fazer uma festa de aniversário e convidar todo mundo que conhecia ou que pelo menos que ela acreditava que poderiam dar uma levantada na sua popularidade. Resumidamente, um monte de adolescentes cheios de testosterona em uma casa com piscina, álcool e qualquer coisa que os seus pais te proibissem.
Naquela época eu tinha um namorado chamado Steven. Maldido Stevan. Ele me traiu com a minha ex-melhor amiga, conhecida também como Ster. Os encontrei no quarto de Ster completamente nus e ela não falou nada além de revirar os olhos e continuar a beija-lo. Meus olhos encheram de lágrimas mas eu segurei para não derrama-las, não sabia se sentia raiva ou tristeza. Fui com passos firmes até os dois os separando com uma força que nem eu sabia que tinha.
— Que merda que vocês pensam que estão fazendo? — Minha palavras saíram com amargura em uma voz rouca.
— Ah, Ravena! Você realmente achou que nossa amizade ou o seu namoro eram verdadeiros? — Ster deu um sorrisinho para o alto — Estávamos com você por causa do seu dinheiro, e agora que seu pai deixou vocês por causa que a vadia da sua mãe estava trepando com o vizinho, não temos mais por que ficarmos com você, por isso agora por favor suma da minha frente!
Apertei o punho com força.
— Vão se ferrar !! — Gritei antes de despejar um soco na parede.
Talvez aquela não foi a melhor ação a se fazer pois fiquei com a minha mão doendo por uma semana, mas minha cabeça naquele momento queria fazer bem mais. Sai do quarto batendo à porta atrás de mim enquanto pronunciava qualquer palavrão que vinha em minha cabeça.
— Precisava contar tudo para ela de uma vez só? — Consegui ouvir a voz de Steven do outro lado da porta, mas tudo que vinha na cabeça era quebrar todo aquele lugar e gritar para liberar toda a energia ruim que percorria meu corpo.
— Você sabe que não é tudo!
Eu precisava sair dali antes que explodisse, então foi isso que fiz. Desci as escadas derrubando tudo o que via pela frente, desde porta retratos a vasos de decoração caríssimos. Peguei uma garrafa de vodka e a coloquei debaixo do braço enquanto acendia um cigarro, e antes de sair pela porta, com o meu braço vago peguei alguns presentes que deveriam ser destinados a Ster, incluindo o presente que eu havia comprado.
Andei até o final da quadra me sentado no gramado com a garrafa ao meu lado e os presentes no outro. Soprei a fumaça e comecei a abrir os presentes.
— Aí que lindo, Ster! Mas sinceramente acho que fica melhor em mim! — Falei sozinha observando um colar com um pingente de coração.
— Concordo plenamente! — disse uma voz ao meu lado que me fez pular de susto.
— Meu deus, menina, você me assustou! — Coloquei a mão no meu coração observando uma garota de cabelos escuros e olhos castanhos — Eu te conheço de algum lugar..
— Da escola.. Sou aluna nova — Ela deu um sorrisinho segurando as mãos atrás das costas de um jeito inocente — Posso sentar com você? Parece que você precisa de alguém para conversar e dividir a bebida!
Concordei com a cabeça enquanto ela se sentava ao meu lado pegando a vodka na mão.
— Você não tem muita cara de quem bebe!
— Para tudo tem a sua primeira vez, não !?
E aquela ao meu lado, naquela noite fria era Sophie, uma das melhores, se não for a melhor, pessoa que eu já conheci. Naquela noite foi questão de minutos para eu começar a despejar tudo o que havia acontecido. Sabia que tínhamos uma conexão, como sabia que aquilo não era uma amizade de uma noite.
contagem de palavras : 665
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Calcei meus saltos e desci pela avenida. No sofá da sala minha mãe dormia um sono pesado com garrafas de whisky e cervejas jogadas ao seu lado. Eu não a reconhecia já fazia um bom tempo, mas nada que eu falasse a fazia acordar. Meu salto tintinavam pela calçada enquanto eu arrumava meu vestido e avistava Sophie parada na esquina.
— Como você está minha ,pequena borboleta? — disse lançando meus braços sobre seus ombros com um sorriso a qual ela retribuiu logo em seguida.
— Eu estou ótima, abelha rainha! — Sophie passou seu braço em minha cintura e eu podia sentir sua felicidade no ar.
Já fazia um tempo que eu e Sophie nos tornamos melhores amigas, e as coisas pareciam fazer mais sentido quando ela estava junto comigo, como se fosse mais fácil de me soltar e ter um lugar para chamar de lar, mesmo com nossas famílias transtornadas. Minha mãe se perdeu depois que meu pai foi embora, enquanto os pais de Sophie são extremamente ricos, mas passam a maioria parte do tempo viajando, deixando a garota com os empregados.
Então eu e minha nova melhor amiga resolvemos começar a sair mais, afinal, nossos pais não nos davam atenção, e a maioria das pessoas na escola nos odiavam, graças à minha ex melhor amiga com boatos falsos e sua arrogância. Começamos a sair apenas nos finais de semana, mas agora a semana inteira é nossa, ou quase toda. Os professores dizem que nunca sairemos vivas.
— Essa é a última noite dessa semana! — Disse Sophie enquanto andávamos com passos apressados — Meus pais chegam amanhã e só vão sair novamente daqui cinco dias.
Suspirei, mas no fundo eu a entendia, mas do mesmo jeito era um saco.
Fomos andando em direção à casa de dois garotos que havíamos conhecido semana passada e nos encontramos umas duas vezes. Muitos garotos chamaram nossa atenção com alguns 'Oi' na rua enquanto íamos em direção ao apartamento. Apenas ríamos e eu acenava enquanto Sophie ficava sem graça.
— Estou bonita, Ravena? — Ela me perguntou antes de chegarmos na porta do apartamento — Estou com medo!
— Shh, não precisa se preocupar com nada! — Sussurrei e dei três batidas na porta que foi aberta logo depois.
— Oi , gatinha! Como você tá ? — disse David, o universitário loiro passando seus braços ao redor da pequena Sophie — Venha, vamos entrar!
Eu podia ver a tensão no rosto da minha amiga e mandei um sorriso para encoraja-la.
— Ah, Ravena! O Tom saiu pegar umas cervejas, mas ele já volta! — David pronunciou antes de sumir para dentro do quarto. Eu assenti tentando parecer triste e compreensiva, mas a verdade é que eu estava comemorando por dentro. Adorava ficar sozinha de vez enquanto, e só estava ali por causa de Sophie.
Acendi um cigarro e liguei a TV, colocando meus pés em cima da mesa. Ninguém iria ver mesmo, mas em menos de cinco segundos Tom abre a porta com uma sacola na mão.
— Eai, princesa !? Já chegou ? Olha o que eu..
— Vamos furar a orelha ? — O interrompi olhando para a fumaça que saia da minha boca.
Tom já estava me dando nos nervos, não precisava ouvir elogios falsos de ninguém que trocava faculdade por academia e que só estava falando por segundas intenções, mas não podia dispensa-lo pois eles eram nossa carona da noite.
— Claro, gatinha eu só ...
— Sem "gatinha" .. Só Ravena! Apenas Ravena — O interrompi pela segunda vez respirando algumas vezes para tentar me acalmar.
— Tudo bem, Ravena, sem estresse!
Apesar de Tom ser muito superficial ele tinha alguns Dons, como tinha que ter um meio de ganhar dinheiro, então ele vendia drogas, tatuava e furava clandestinamente. O que me levava a ganhar tudo isso de graça pelo fato de estar ficando com ele. Então enquanto esperávamos David e Sophie eu ganhei um novo furo na orelha de cada lado, uma tatuagem escrito "GRL PWR" na parte inferior do meu braço esquerdo, além de um pouco de cocaína em minhas veias. Então uma hora depois os dois pombinhos saíram do quarto nos fazendo partir para a segunda parte da noite.
Contagem de palavras : 678
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Entramos no banco de trás do conversível e deixamos o vento bater em nossos cabelos enquanto ficávamos de pé e cantávamos nossas músicas preferidas.
Paramos em um dos hotéis cinco estrelas da região entrando escondidos até a área da piscina. Tiramos as roupas, ficando apenas com as roupas de baixo e pulamos na piscina e eu tentei o máximo possível manter minha tatuagem fora da água, então sentei na beirada da piscina molhando apenas minhas pernas.
— Vem, Ravena! — gritou Sophie enquanto brincava com a água.
—Não posso! — Respondi apontando para minha nova tatuagem.
Ela mergulhou até chegar em mim olhando bem nos meus olhos.
— Você foi a melhor coisa que aconteceu comigo!
Observei seus olhos vermelhos e sua voz embriagada, mas eu sabia que aquilo era verdadeiro.
— Digo o mesmo, mas agora descanse — Passei as mãos em seus cabelos enquanto ela deitava sua cabeça em minha perna.
A porta é escancarada revelando dois policiais apontando uma lanterna para nós.
— Vocês ! Parados! — Um deles disse indo em nossa direção.
— Calma, policial! Só preciso dizer uma coisa.. — Ajudei Sophie a sair da piscina e fui atrás das nossas roupas as pegando logo depois — Nos peguem enquanto estamos quentes — Gritei mostrei o dedo do meio e saindo correndo para o carro, ligando logo em seguida.
— E os garotos ? — Sua voz saiu ofegante e cansada.
— Não quero ser egoísta mas se não sairmos agora vai sobrar para nós — apontei para os polícias que já tinham pegado os garotos e estavam vindo em nossa direção.
Pisei no acelerador e comecei a dirigir em direção à casa de Sophie diminuindo a velocidade apenas quando senti que estava longe o bastante. Estacionei na calçada e soltei uma gargalhada.
— O que foi ?
— Adoro essa sensação! Essa adrenalina..
— Garota esperta, brinca com fogo pois adora se queimar — Sophie deu uma piscadela para mim antes de descermos do carro.
•
No outro dia fomos acordadas pela mãe de Sophie que havia recém chego de viagem. Tivemos que fingir que a noite anterior nunca havia acontecido e ir para a escola mesmo que estivéssemos acabadas e sem nenhum animo para aquilo.
— De quem é o carro que está lá fora, querida? Por que pelo que eu sei nenhuma das duas fez a carteira de motorista e não tem nenhum carro.. — Dona Suzana comentou calmamente enquanto estávamos comendo o café da manhã.
Sophie quase engasgou mas logo respondeu.
— É de um amigo meu.. Ele.. Ele veio assistir um filme comigo e com a Ravena só que o seu carro acabou não pegando na hora dele ir embora, dai ele pediu para um amigo vir buscar e pediu para deixar o carro aqui até... Hoje.
Quase bati a mão na testa quando Sophie pronunciou 'amigo meu' e 'assistir um filme'., todo mundo sabe que essas duas menções juntas podem significar muito mais do que querem dizer , mas apenas dei uma risada enquanto fazia um sinal de positivo enquanto sua mãe não estava olhando.
•
Entramos na sala de aula e a maioria parou de conversar e passaram a olhar para nós como se fossemos aberrações. Revirei os olhos e fui para o meu lugar agradecendo de pelo menos ter alguém para conversar naquela aula.
— Olha quem resolveu aparecer na aula! — Ster veio em minha direção com minhas ex-amigas atrás dela.
— Olha quem resolveu se meter na minha vida... De novo.. — Dei um sorriso falso e em seguida revirei os olhos.
— Estavam todos comentando que você estava grávida...
— Já deu Ster.. Vamos! — Steven apareceu agarrando Ster pelo braço e a puxando para o outro lado.
— Manda a sua namoradinha parar de ser vadia! — Gritei quando eles estavam do outro lado, Ster foi vindo atrás de mim novamente, mas Steven a segurou.
— Não ligue para ela. Para nenhum deles.. — Disse Sophie tentando me acalmar, mas a coisa que eu mais queria era arrancar a cabeça daquela mal amada, mas tentei seguir os conselhos da minha melhor amiga e me acalmar.
Contagem de palavras: 654
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Deitei no sofá gargalhando com a cena que acabara de acontecer. Sophie interpretando uma das suas musicas preferidas, atuando sem frescura, cheia de drama de atuação.
— Você é a melhor! — disse ainda em meio a risadas.
— Obrigada, milady ! Mas sabe o que seria melhor ainda ? Eu, você, e aquela hidromassagem que você tem! — Ela disse de um modo formal, brincando com as palavras.
Concordei e subi rapidamente para pegar dois biquínis para nós duas. Os levei para sala e nós trocamos ali mesmo. Liguei a hidromassagem e enquanto esperava ela esquentar peguei duas taças e uma champanhe. Entramos na mesma e eu sempre com o meu braço para o lado de fora por causa da tatuagem. Sophie serviu as taças e entregou uma para mim.
— Você está bem? — Perguntei quando percebi a onde de silêncio que veio a nós duas e sua cara tristonha.
— Estou bem! — Ela transformou sua cara triste em uma feliz em questão de segundos e levantou a sua taça — Só estava pensando... Vamos brindar ?
Concordei, também levantando a minha taça até a dela, mas quem tomou depois do brinde foi apenas eu. Sophie deixou a sua de lado sem ao menos tomar um gole.
— No que estava pensando ? — Perguntei um tempo depois, estranhando a sua atitude .
— Nada! Bobeira.. Mas você está bem ?
— Por que não estaria?
— Sei lá, Ster , Steven, aquele pessoal todo da escola! — Seu corpo se afundou na água quente e ela olhou para mim com aqueles olhos brilhando.
Balancei a cabeça tomando mais um gole do champanhe doce.
— Ah, sei lá ! Já faz tempo, não ligo mais para isso.
— Eu concordaria se não te conhece..
Concordei sem pronunciar nenhuma palavra. Sophie já sabia que aquilo era um dos meus sinais para "não quero entrar no assunto", então apenas mudou o assunto da conversa.
Saímos da hidromassagem depois de mais ou menos uma hora. Coloquei um roupão e enrolei meu cabelo em uma toalha e Sophie colocou a roupa a qual estava antes. Fomos em direção à cozinha, e enquanto eu enrolava um baseado Sophie fazia um café para nós duas.
— Você deveria parar de fumar.. Faz mal para sua saúde!
— Desde quando você se preocupa com isso ? — Franzi o cenho.
— Desde.. Não sei.... hoje, talvez ! — Ela colocou as duas xícaras na mesa me olhando com preocupação.
— Tudo bem, vou ver o que eu faço — Suspirei e sorri logo depois. Talvez aquilo fosse um tremenda mentira, mas não naquele momento.
Parei de enrolar o baseado e o deixei de lado, e quando eu vi Sophie já havia tomado todo o seu café enquanto eu não tinha nem tocado no meu.
— Preciso ir para casa, R! — ela disse em um bocejo
— Mas já ? — fiz beicinho esperando que aquilo a fizesse ficar um pouco mais.
— Consegui falar com David e ele esta bem, e já está solto, mas Tom vai ter que ficar um tempo preso por causa de todo contrabando que ele tinha... ah você sabe .. O fato é que ele está indo lá em casa pegar o carro, além de que minha mãe insistiu para conhecê-lo.
Dei de ombros com um sorrisinho.
— Tudo bem! Nos vemos amanhã então ? Ou você acha que vai conseguir sair essa noite ?
— Hoje nem pensar! Nos vemos amanhã!
A acompanhei até a saída e quando a porta se fechou atrás de mim fui direto ao meu baseado recém enrolado, o acendendo logo em seguida. Sophie estava me escondendo alguma coisa, estava sentindo isso. Dei um trago soltando a fumaça para cima e meu celular começou a vibrar mostrando o nome de um dos meus contatos e uma mensagem.
>>STARK<<
Preciso falar com você. Não se atrase semana que vem. Ou melhor, chegue mais cedo.
Contagem de palavras : 614
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Tentei marcar de sair com Sophie a semana inteira, principalmente depois de seus pais já terem ido embora, mas ela parecia sempre ter alguma coisa diferente para fazer, e assim, não podendo sair comigo. Então comecei a sair sozinha, achando uma companhia masculina nova para cada dia. Até que comecei a investigar mais fundo, e ela finalmente me contou o por quê de estar tão ocupada. E isso tudo começava com 'D' e terminava com 'avid'.
— Nós iríamos sair hoje à noite mas não vamos mais, só por que ela vai ficar com aquele "David". Era para ser uma saída casual e não para eles começarem a namorar! — Falei irritada enquanto caminhava para lá e para cá em seu escritório. — Ela me disse que não me falou nada pois sabia que eu iria reprova-la e bla bla bla e que a gente precisava conversar, mas eu não vou conversar sobre nada, pois ..
— Ravena eu te falei para você chegar antes pois eu tinha um negócio para te falar! Não para você reclamar da sua melhor amiga! — Stark me interrompeu passando a mão no cabelo e me observando caminhar para todos os lados.
— Aí meu Deus, não seja egotista! — rebati finalmente parando em um lugar só.
— Mas eu não estou sendo...
— Foda-se. O fato é que ela mentiu.
— E você ganhou um aumento!
— Sério ? — Arqueei a sobrancelha com um sorriso bobo na cara.
Ele concordou com a cabeça e veio até a mim, me beijando intensamente logo em seguida. Stark era o meu chefe, e também um dos meus casos. A ideia foi minha e da Sophie quando pensamos em maneiras fáceis e divertidas de ganharmos um aumento ou as coisas se tornassem "mais fáceis" durante o trabalho . Stark era apenas um apelido idiota que eu e ela inventamos ao relaciona-lo com Tony Stark, pelo fato dele ser bilionário, ter dezoito anos e já ser dono de toda aquela empresa, ou quase toda por causa de seu pai.
— Você quer sair comigo? Hoje à noite? Já que a sua amiga te deixou. — Ele perguntou em meio ao beijo, mudando a trajetória logo depois e começou a descer seus beijos em meu pescoço.
— Ela não me deixou! — Falei imediatamente com uma voz áspera mas me acalmando após alguns segundos — Tudo bem, vamos sair hoje à noite, mas como amigos, e algo do meu gosto, entendeu?
— Mas é claro!
•
Coloquei uma roupa e esperei minha mãe adormecer na sala para poder sair. Eu não estava nada animada para sair aquela noite, pois era como se tivesse me caído a ficha. Minha amiga me tinha abandonado por um garoto. Tudo bem que ela tentou me ligar algumas vezes mas eu estava irritada demais para atende-la.
Stark me esperou na frente da minha casa com um dos carros mais caros que ele tinha. Então me levou para uma balada em um bairro chique e pagou para mim tudo o que eu queria. Eu trabalhava na sua empresa apenas uma vez por semana mas depois daquela noite começamos a nos ver mais. Ele me levava para lugares que eu nunca tinha ido e comprava coisas novas para mim. Quando ele não estava vendo eu roubava de sua carteira e saia com outras pessoas nos outros dias.
Ativei minhas redes sociais e comecei a postar coisas para Sophie ver como eu estava me virando bem sem ela. Grande hipocrisia. Grande ilusão. Também comecei a focar um pouco mais na escola, afinal era o último semestre e eu ainda precisava passar de ano.
Nada era perfeito, mas precisava parecer. Então fiz novas amizades. Comecei a falar com pessoas que eu nem conhecia, e comecei a arrumar o meu status social. Eu estava em uma crise. Em uma crise para que todos me adorassem.
Contagem de palavras : 600
>> https://www.youtube.com/watch?v=87IJ3PhHvkY
Os pais de Sophie haviam novamente voltado de viajem, e eu percebi isso quando vi que quem estava buscando a garota na escola eram seus pais ao em vez dos empregados. Meu coração bateu mais forte. Uma saudade. Fazia muito tempo que não trocávamos uma palavra, então meus olhos encheram de lágrimas e eu saí correndo em direção a minha casa, descobrindo assim que não era apenas os pais de Sophie que haviam voltado.
Fui direto para a cozinha para achar algo para comer e fui recebida pelos olhares curiosos e furiosos dos meus pais. No começo eu achei muito estranho, e isso só podia significar que algo ruim estava para acontecer. Minha mãe nunca estava em casa nesse horário, e eu não via meu pai fazia mais que um ano.
— Pai ? Mãe ? — As palavras saíram da minha boca mais como um sussurro e eu não sabia se estava sentindo felicidade ou medo.
— Parece que você anda muito bem, Ravena! — Disse meu pai em um tom de voz duro pegando seu celular e me entregando logo em seguida — Recebi uma foto sua de um dos meus chefes, e eu resolvi começar a te acompanhar nas redes sociais.
As fotos que apareciam na tela do celular eram minhas, em vários lugares que eu tinha ido, e concordo que muitas delas eram deploráveis.
— Resolvi ligar para sua mãe e perguntar se ela pelo menos sabia de alguma coisa.. Mas dai logo percebi que ela nem estava em um bom estado de cuidar de si mesma... Imagina de uma filha adolescente — Ele continuou e logo após aquelas palavras mamãe começou a chorar silenciosamente.
— Mas pai.. — Comecei mas fui interrompida com ele pegando minha mochila para si e tirando tudo de dentro. Revelando além de matérias escolares alguns cigarros e um litro de vodka disfarçado.
— Você é apenas uma criança brincando de ser adulta! E eu acho que o único que está com o direito de tomar uma decisão aqui sou eu! Por isso foi decidido que sua mãe vai ser mandada para um centro de reabilitação. E como você não pode ficar sozinha aqui e nem ir comigo pois estou trabalhando um monte, decidimos que você vai pegar o trem logo depois das suas aulas acabarem e vai ir para uma escola nova. Vou te falar o resto dos termos quando chegar mais próximo, e até que não acaba sua aula eu vou ficar aqui. Entendido ?
Concordei com a cabeça abaixada e meu pai me entregou minha mochila, obviamente sem o cigarro ou a vodka. Então fui no banheiro de baixo enquanto ele revistava meu quarto. Mandei uma mensagem para algumas pessoas contando do acontecido e apagando algumas conversas, antes que meu celular não fosse mais meu.
•
Não fui para a aula no dia seguinte. Fingi que estava mal e passei o dia inteiro dentro de casa. A noite coloquei um calmante nas bebidas dos meus pais e em poucas horas eles apagaram. Me vesti com nada muito luxuoso e sai sem companhia e sem rumo, entrando em um bar após algumas quadras. Sentei no balcão e logo após uns segundos uma pessoa senta ao meu lado. Ster.
— Olá, princesa! Não estou aqui para brigar.. — Consegui sentir o cheiro de álcool de sua boca de longe , e sabia que fazia tempo que ela estava ali.
— O que você quer?
— Sabia que você foi o assunto mais comentado hoje de manhã ?
Dei de ombros e voltei o meu olhar para frente.
— São um bando de mentirosos. Como eu era. Só ficam com você quando querem alguma coisa ! — Ela voltou a falar mexendo no seu cabelo e olhando para o mesmo — A verdade era que eu queria ser como você ! Eu tinha inveja de você ! E eu estraguei tudo... Mas estou aqui conversando com você não só para me desculpar de todas as merdas que eu fiz, mas para você não fazer a mesma merda com Sophie!
— Sophie? — a interrompi passando o meu olhar de calmo a preocupado.
— David estava tentando falar com você, mas falaram que seus pais pegaram seu celular! O fato é que ela está mal.. A ponto de suicídio.. E se eu fosse você saia correndo daqui e ia atrás dela!
Não sabia se acreditava ou não. Então olhei para os lados procurando por alguém que denunciasse que era uma piada, mas não tinha ninguém.
— Não estou brincando! Vai logo, Ravena!
Contagem de palavras: 700
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Corri o mais rápido que pude e agradeci por ter colocado um coturno ao invés de um dos meus saltos. Eu estava ofegante e minhas pernas doíam, mas eu não podia parar, então eu corria. E corria. E corria. Corria com as pernas adormecidas e com toda a adrenalina que eu estava sentindo. Medo. Angústia. Preocupação. Decepção comigo mesma.
Toquei a campainha diversas vezes seguidas até finalmente alguém atender a porta. Era Dorota, uma das empregadas de Sophie.
— Quanto tempo, Ravena! Mas desculpe, não posso te deixar entrar, todos estão dormindo, e a senhorita Sophie ficou estudando até tarde, então estava muito cansa..
— Desculpe, Dorota, mas eu realmente preciso entrar — A interrompi passando por ela sem nenhuma dificuldade e subindo para o quarto de Sophie com a mesma velocidade de antes.
Tentei abrir a porta mas ela estava trancada. A forcei diversas vezes e nada adiantava. Foi ai que eu me lembrei que eu era a única pessoa que tinha uma chave extra do seu quarto. E desde muito tempo atrás eu tenho a usado como um amuleto da sorte e nem pelo nosso desentendimento eu parei de usar.
Abri a porta do seu quarto com força a encontrando no canto do quarto escuro caída de joelhos chorando. Fui correndo até ela, a qual parecia estar tão pequena e frágil. A abracei por trás, a aninhando no meu colo. Foi aí que eu percebi os cortes no seu pulso e a arma na sua frente.
— Me desculpe ! — Foi a única coisa que consegui dizer naquele momento enquanto tentava engolir o choro a qual não me obedeceu e segundos depois lágrimas estavam escorrendo pelas minhas bochechas.
Eu não havia prestado atenção que minha melhor amiga estava mal pois estava ocupada demais sendo egoísta por causa de uma pequena ação que eu achava que era errada.
Ela se virou me abraçando com força e ficamos ali por um tempo antes de levantarmos para lavar os seus braços. Eu conseguia sentir a tensão. Conseguia sentir a culpa. Os cortes não eram profundos, e nem eram vários, e se formasse alguma cicatriz, seria mínima, mas aquilo me afetou muito, não só aquilo mas tudo o que estava acontecendo.
Ficamos um tempo em silêncio antes de realmente começarmos a conversar.
— Eu sinto muito! Eu fui uma tola, fui egoísta, fui uma tremenda vadia! — disse enquanto lágrimas desciam pelo meu rosto.
— A culpa não é totalmente sua. Depois de um tempo eu fiz de tudo para você se sentir mal.. Fui eu que mandei a sua foto para o chefe do seu pai, afinal ele é amigo do meu pai, e consegui entrar em contato.. Ravena eu sinto tanto por isso. Me desculpa.. foi uma ação sem pensar, eu estava muito brava com você. Você não tinha nem me deixado falar com você, eu achava que estava grávida, daí você também estava agindo como uma estup..
— Você achava que estava grávida? — a interrompi com os olhos arregalados — Aí meu Deus, Sophie!— A abracei com toda a força que eu pude. Como eu fui idiota.
— Eu não quero que você vá embora. Eu estou muito mal sem você. Por causa disso tudo.
—Eu sei... eu também..
Então ficamos ali. Juntas novamente. E então um sorriso apareceu em nossos rostos, um sorriso verdadeiro depois de muito tempo. Eu estava com muita saudade dela. Saudade do seu jeitinho, de seus conselhos, e principalmente da sua amizade. E então ali no seu quarto depois de muito tempo estávamos juntas novamente,e iríamos atravessar todos os obstáculos juntas.
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Uma geração de calouros de rainhas de beleza degeneradas, e você sabe uma coisa ?
Eles foram os únicos amigos que eu tive.
Fiz as pazes com Ster e minhas ex-amigas, talvez vendo o mundo com outros olhos. Antigamente nos mentíamos em problema quando as coisas ficavam ruim, agora eu apenas tento resolvê-las, pelo menos do meu jeito. Somos adolescentes. Temos problemas e hormônios, e achamos que a vida vai acabar em qualquer instante.
Minhas aulas acabaram e meu pai continuou com o planejado. Arrumei minhas coisas e me despedi de todos, e logo estava acenando da plataforma do trem, chorando, porque eu sabia que nunca iria voltar.
Sophie colocou suas mãos em meus ombros me lembrando que ela estava ali comigo. Então nós abraçamos e o trem começou a andar.
— Eu ainda não acredito que você conseguiu convencer os seus pais para você vir comigo! — disse em meio ao abraço.
— Eu apenas disse para eles que não podia ficar sem você!
— Mas e David? — Perguntei separando nos duas.
— Ele vai tentar ser transferido para uma faculdade na mesma cidade que vamos ficar ou pelo menos na cidade ao lado. — Ela respondeu com um sorrisinho. — E Stark?
Franzi a sobrancelha no mesmo momento, ainda não acreditando naquela pergunta. Tudo bem que ele muito bonito e querendo ou não eu e ele tínhamos alguma conexão, mas mesmo assim, parecia apenas algo bobo e insignificante, mas no mesmo momento meu celular começa a tocar com o seu número.
— Alô ?
— Você não me disse que iria ir hoje! — Ele disse do outro lado da linha.
— E por que deveria ?
— Ah, Ravena, você tem sorte de eu estar indo para mesma cidade que vocês vão ficar! Pelo menos por um tempo, para uma excursão.
— Tudo bem — Falei pausadamente.
— Te vejo depois! — Ele disse com uma voz animada antes de desligar a ligação.
Dei um sorriso. É, talvez Stark não foi apenas um caso, mas ainda sim, não estava pronta para me relacionar com ninguém. Não agora.
—Não sei, o importante que estou com a minha melhor amiga ao meu lado seguindo para um internado — Foquei na frase 'estou com minha melhor amiga' e dei um grande sorriso para Sophie.
Nada podia nos separar. Nunca mais. Afinal, uma amizade vale muito mais do que desentendimentos bobos ou nosso ego. Uma amizade verdadeira dura para sempre, e não vai ser quebrada por coisas bobos. Uma amizade verdadeira é aquela que está com você em todos os momentos, seja ruim, bons ou de dúvidas. E eu tinha certeza que eu já tinha isso.
Contagem de palavras : 427
This is what makes us girls
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