Control - Cap 1- Boa garota

A magia da passarela acaba logo no outro dia, quando você acorda com a maquiagem borrada, sem estar com roupas de marcas ou as pessoas e câmeras te olhando. As máscaras caem e você é quem você realmente é, seja essa face bonita ou feia. 

Piso no chão gelado,enquanto meu quarto é iluminado pela luz que vem do corretor. Já se passava do meio dia, mas minha fome era mínima. Saio do quarto não me importando o estado que podia estar, afinal eu morava sozinha, não teria perigo de alguém me ver desarrumada, ou ainda de pijama, como se eu me importasse com isso também.

A campainha toca, me fazendo me dirigir até ela sem pensar duas vezes, fazendo-me ver o rosto conhecido de Lia do outro lado da porta. A ruiva usava uma calça jeans, sandálias e uma blusa básica preta, e trazia consigo prováveis dois vestidos dentro de um plástico e na outra mão uma pequena caixa branca.

— Scarlett, me ajude com isso - Ela me alcançou a pequena caixinha, usando a mão que agora estava livre para pegar sua bolsa que estava no chão — Ah, isso aí é para você - Ela apontou para a pequena caixinha que estava em minhas mãos, logo depois de entrar  em minha casa. 

Abri a pequena caixinha com cuidado, encontrando um pequeno cupcake dentro dele.

— Obrigada, Lia ! - Falei colocando o pequeno bolo na boca, satisfazendo minha pequena fome, que até então não havia se manifestado.

— Você vai gostar mesmo do seu vestido. Chanel . Acabaram de entregar para você! É modelo novo, e querem muito que você vá com ele - Ela abriu um dos sacos plásticos, revelando um vestido vermelho longo, decote V , e pequenos e delicados detalhes na saia, além da parte de cima de renda, e a tela transparente nas costas — E não vai esquecer dos cinco gramas de cocaína para Ellen Mightow.

— Quem é essa ? —Perguntei procurando algum cigarro entre as gavetas da cozinha.

—Modelo, magra, cabelo escuro e olhos da mesma cor. Vinte e três anos. Gênese japonês. Vai estar vestida com vestido azul, Prada.



O meu banho foi na água gelada para poder acordar. Não gostava muito, mas era o necessário. Coloquei o vestido que pareceu ter sido feito sobre medida, o que eu não duvidara muito que não tinha sido feito assim para ficar tão perfeito em meu corpo. 
Lia fazia a maquiagem enquanto eu tentava dar um jeito em minha unha que estava começando a sair o esmalte. 

— Scarlett — Ela disse em um tom autoritário me fazendo olhar para ela — Eu preciso que você olhe para mim..

Dei uma pequena olhada na minha unha, a qual só faltava apenas mais três para arrumar, antes de voltar o meu olhar para Lia.

— Scarlett — Uma voz desconhecida falou no meu ouvido me fazendo correr um certo arrepiou pelo corpo, olhei quase no mesmo momento para trás tentando descobrir o dono da voz tentadora, mas não havia ninguém. Nada.

— Mas.. Scarlett — Lia puxou o meu rosto novamente para frente olhando para minha expressão assustada — Nossa, até parece que viu um fantasma! 

Tentei suavizar a expressão no meu rosto, ainda sentindo ecoar aquela voz em meu organismo. Parecia tão real. A voz estava lá, eu tenho tanta certeza disso, que parece de uma certa forma tão...surreal.

• 

Meia hora após estávamos na tão esperada festa, e eu estava tentando procurar a Ellen sobre tanta gente, além de tentar sorrir e ser o mais sociável possível, mas um zumbido nos meus ouvidos parecia estar cada vez maior, aumentando também o desconforto com tanta gente falando junto. 

Uma súbita baixa de pressão me fez dar um passo em falso e quase cair, tendo que me apoiar em uma das mesinhas altas que estavam mais perto de mim. 

— Ei, você está bem ? ... Está tão pálida—Disse alguém na minha frente enquanto segurava um dos meus braços. 

Tentei focar a minha visão, conseguindo ver um vestido azul. Vestido azul. 

— Ellen ?

— Não! - Ela deu uma pequena risadinha — Marcela... E você é a Scarlett, certo ? 

Concordei ainda me segurando na mesinha, querendo mesmo algum lugar para sentar. Fechei os meus olhos e os abri novamente. A voz voltou. A mesma voz de antes voltou a me chamar. A voz estava longe, mas mesmo assim eu podia escuta-la. 

— Ei garçom, traz uma água, urgente aqui! — Marcela gritou e apertou o meu braço ainda mais forte — É melhor você sentar.. Você está totalmente pálida — A garota me ajudou a sentar em um banquinho que estava a poucos centímetros perto de mim e eu não havia nem percebido a sua presença. 

Eu ia desmaiar. Eu sentia isso. E a voz que continuava me chamando. O garçom rapidamente chegou com a água também perguntando se eu estava bem. Marcela me alcançou a água, me fazendo tomá-la no mesmo momento. Eu sentia que estava começando a ser o centro das atenções, e muitas perguntas de "você está bem?" , e "o que aconteceu? " ecoavam pelo salão, mas a única coisa que eu conseguia me concentrar era aquela voz me chamando, entrando no meu corpo e me consumindo. 

Então da mesma forma que aquela sensação começará, ela parou. Tudo parou. A sensação ruim de desmaio juntamente com a voz me chamando. 

— Eu estou bem — Finalmente falei alguma coisa me levantando devagar. 

— Mesmo? — Marcela disse à minha frente com os seus olhos arregalados com as mãos em meus braços. Aí que eu percebi que Marcela era totalmente diferente do que Lia tinha me falado de Ellen. Marcela era loira e tinha olhos verdes, e com certeza não era nada japonesa. 

— Sim... Mesmo— Dei um pequeno sorriso — Agora com licença, que eu preciso fazer um negócio.. E obrigada! 

Ela deu um pequeno sorriso antes de soltar os meus braços e eu sair em passos apressados até o banheiro, e que por sorte não havia ninguém lá dentro. Apoiei as minhas mãos na pia me observando no espelho. Dei uma pequena suspirada antes de abrir a minha bolsa de mão a procura do meu celular. 

— Scarlett ? — Uma voz feminina disse vindo da porta, antes do barulho da porta sendo trancada. 

Me virei em direção a porta, que agora estava trancada e na frente dela tinha uma garota. Cabelos negros. Olhos puxadinhos e negros. Vestido azul.

— Ellen ? 

Ela concordou se aproximando ainda mais de mim. E a voz começou a me chamar novamente, mas dessa vez parecia estar mais alta, como se estivesse do meu lado. 

— Trouxe? — Ela perguntou tão perto de mim que eu podia sentir a sua respiração. 

Concordei com a cabeça, conseguindo sentir a tensão da garota. Eu tinha a certeza que era a primeira vez que ela fazia isso, e podia jurar que ela estava se controlando para seu corpo não dar pequenas tremidas. Ela me alcançou o dinheiro e quando eu fui pegar o saquinho de cocaína que estava juntamente com os meus peitos, tendo que tirá-lo estranhamente pelo meu decote as vozes trocaram a repercussão, e em vez de chamarem o meu nome, elas diziam "Mate-a" , cada vez mais alto e mais rápido. 
O saquinho estava em minhas mãos, mas eu apenas encarava Ellen que estava me olhando estranhamente tentando me entregar o dinheiro para que ela pudesse pegar sua encomenda que ainda estava nas minhas mãos e ainda perto demais dos meus seios.

As vozes não pararam. E estavam muito altas. E muito juntas. Como se milhares de pessoas estivessem gritando no meu ouvido. 

Mate-a 

Mate-a 

MATE-A

Uma adrenalina subiu o meu corpo. As vozes me consumiram. E o saquinho caiu da minha mão. Ellen depois de muitas tentativas falhas deixou o dinheiro em cima da pia e se abaixou para pegar o saquinho. Nesse meio tempo enquanto ela se abaixava eu dei um forte soco no espelho fazendo ele se despedaçar, e me punho ficar totalmente machucado. 

— Scarlett !? — A garota me olhou assustada 

Mate-a 

— O que você vai fazer? — A garota falou se dirigindo à porta antes de dar um grito pedindo socorro. 

Mate-a

Depois do seu grito sai correndo atrás dela enfiando o pedaço de vidro em sua barriga antes que ela chamasse mais atenção para o banheiro feminino. Ela caiu no chão com a mão na sua barriga e seus olhos cheios de lágrimas. Eu me abaixei ficando quase em cima da garota enquanto a golpeava com o outro pedaço de vidro que eu tinha na outra mão. 

Sangue se espelhava no chão. Seu olhar paralisou. Seu corpo não fazia mais nenhum movimento. Minha mão estava grudenta de sangue, parte meu, e parte dela, meu vestido estava com manchas vermelhas que não diziam sobre a sua cor.  E eu continua a golpeando, até minha pressão cair drasticamente me fazendo desmaiar quase que de imediato, e a última coisa que eu pude ouvir foi um boa garota das vozes




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