absolviçao - 1

Acordei suando frio e o celular marcando apenas quatro e meia da manha. Tirei o pijama encharcado que grudava desesperadamente em meu corpo e então anotei a frase do meu sonho em um bloco de notas. Um "Encontre a verdade e venha até a mim" parece muito promissor sendo que estou tendo o mesmo sonho desde que pisei em Los Angeles. Correndo sem parar em um cenário apocalíptico, vozes na minha cabeça e sem resposta nenhuma, então de repente uma mera diferença, é quase como se estivesse achado ouro próprio. 

Mas realmente queria ter pelo menos conseguido dormir um pouco antes de meu despertador começar a tocar desesperadamente ao meu lado avisando que era meu primeiro dia de aula, e tudo o que eu fiz depois daquilo pareceu ser marcado pelo automático, desde colocar a minha roupa até finalmente descer as escadas para tomar café da manhã. Minha cabeça estava pensando no sonho e em todas as teorias que o mesmo criou em mim. 

— Querida, parece que acordou cedo hoje! — Disse minha avó me fazendo desviar a atenção dos meus pensamentos. 

— Na verdade nem dormi! Tive o mesmo sonho novamente — Sentei em uma cadeiras e comecei a me servir. 

— Quer conversar ? 

Neguei ainda com o olhar focado na comida. 

— Acho melhor não, pelo menos não agora ! — devolvi o sorriso acolhedor que tinha recebido há poucos segundos atrás. 

Minha cabeça precisava descansar ou pelo menos se dispersar, e agradeci mentalmente pelo assunto ter morrido logo após eu ter falado que não queria falar nada sobre aquilo, e isso era algo que eu realmente gostava na minha avó que apesar de ser a minha única família juntamente com o meu avô a qual me cuidavam como se fossem meus pais, nunca invadiram meu espaço pessoal, principalmente com certas situações. 

•

Os corredores estavam cheios o que me fazia sentir mais perdida do que eu realmente estava. Precisava encontrar a sala da diretora, o que era realmente difícil com toda a multidão. Abri a minha bolsa enquanto andava e tentei procurar um papel onde havia algumas informação mas acabei batendo em alguém o que acabou me fazendo derrubar algumas coisas que ainda estavam na minha mão. 

— Ai meu Deus me desculpa! — falei me abaixando no mesmo momento 

— Eu que preciso me desculpar minha cabeça está a mil hoje! — disse o garoto na minha frente me ajudando a pegar todas as minhas coisas que estavam espalhadas pelo corredor. 

— Digo o mesmo! E para piorar é primeiro dia de aula em uma escola a qual eu não sei onde é nada! 

Ele deu uma risada e pediu se eu precisava de ajuda, então eu finalmente fui guiada até a sala da diretora que era no final de um corredor à direita, a qual nos final das contas era realmente fácil de se achar. Bati na porta e segundos após ela foi aberta revelando uma mulher mais velha com um terninho e um rabo de cavalo. 

— James, você não devia estar na aula? — Ela pronunciou franzindo o cenho. 

— Vim trazer a aluna nova, a... 

— Amanda! — Disse rapidamente quando percebi que ele não iria falar meu nome, afinal, eu ainda não tinha nem mencionado — Agora acho melhor você ir para a sua sala, James. 

— Tudo bem, qualquer coisa só me chamar, estou no último ano! — Então em poucos segundos ele desapareceu da minha vista e fiquei sozinha com a diretora que tive que ler o nome discretamente em seu crachá . Sra.Polley

Achei que tudo não iria passar de cinco minutos, mas parece que me enganei completamente pois demorou bem mais de vinte minutos. Regras e mais regras foram passadas, focando diversas vezes se caso as regras forem quebradas ela não pensaria duas vezes em expulsão. Mapa da escola, horário e diversas informações que podem ser julgadas inúteis também foram passadas e repassadas até eu finalmente estar liberada para ir para aula. 

Esperei receber alguns xingamentos e olhares tortos enquanto entrasse atrasada na aula de química, mas ao invés disso recebi um sorriso radiante do professor e alguns olhares curiosos dos alunos. 

— Garota nova, vem sentar no meu lado! — Disse uma voz feminina no final da sala. 

Fui caminhando devagar até ela e o professor finalmente continuou a sua explicação. 

— Sua dupla não veio? — Perguntei com curiosidade. Talvez ela apenas fosse apenas uma garota solitária em uma aula de química. 

— Miley não é muito fã de química, e nem de primeiros dias, então é a combinação perfeita para ela faltar, agora senta logo antes que alguém reclame, e antes que você pergunte meu nome é Samantha. 

Pronunciei meu nome e sentei ao seu lado logo em seguida, afinal, a última coisa que eu quero fazer no meu primeiro dia de aula era arrumar alguém que viesse me encher o saco. 

Fiz um coque no meio da aula o que fez Samantha ficar fissurada com o meu pescoço, a qual fez por um momento que eu pensasse que ela era lésbica e tivesse uma super tara por pescoços.

— Onde você conseguiu essa marca? — Ela perguntou segundos após. 

— Que marca? 

— Essa aqui! — e com apenas um movimento ela revela uma pequena marca em seu próprio pescoço — eu tenho uma igual e realmente quero saber como você conseguiu a sua! 

— É de nascença — falei baixinho tentando não chamar tanta atenção quanto já tínhamos chamado. — Olha, vemos isso depois, acho melhor focarmos na aula agora. 

O sinal bateu e todos saíram na sala de aula como se fosse questão de vida ou morte e eu fui atrás de meu armário para finalmente poder despejar tudo nele e me livrar de todas as coisas pessoas que ainda estavam comigo. 

— Finalmente achei vocês duas! — disse James caminhando até nós — Meu amigo Christian vai fazer uma festa sexta e falou que eu poderia convidar quem eu quisesse e eu escolhi vocês! 

— Seu amigo Christian! Aí James, sério! Eu vou na porra da festa pois quero sair de casa, só não menciona o babaca do Christian! — pronuncia Samantha muito antes que ele consiga continuar. 

— Mas preciso mencionar que a festa é na casa dele, Sam ! 

— Tá , tudo bem, mas não fica mimando ele! 

James finalmente concordou para não criar confusão com a garota que o olhava com cara feia. Christian tinha sido o ex-namorado de Samantha por alguns pequenos meses, mas que foi o suficiente para criar uma grande confusão. A qual me fez desconfiar diversas vezes que Samantha queria ir para a festa apenas para bater de frente com ele, mas não quis contestar, afinal, recém tinha conhecido a garota. 

Nove horas em ponto da sexta feira entramos na casa do garoto, que apesar de não estar lotada tinha pessoas o suficiente para causar conversa para todo o lado e música alta. Miley também estava lá, uma garota loira com um belo sorriso, também conhecida como melhor amiga de Samantha, a qual eu conheci oficialmente na terça de manhã p. Conversamos, dançamos e nos divertimos até uma garota loira, baixinha e com os olhos azuis mais claros que eu já tinha visto vir atrás de mim para me dar um bilhete alegando ser importante.

"Encontre Kamila no segundo é andar. Urgente"

Avisei as meninas que precisava ver algo antes de sair correndo para o segundo andar chamando algumas vezes o nome da pessoa que precisava encontrar. Não sabia que era ou o que queria e estava pensando em voltar para o andar de baixo quando uma voz se pronuncia atrás de mim. 

— Amanda  onde está a sua irmã?

— Eu não tenho irmã ! — Falei como se fosse óbvio. 

— Claro que tem ! — Ela empurrou uma porta ao seu lado com força a fazendo abrir — Agora como é nome dela ? Samar? Sam? Ah sim... Samantha - A mulher logo entrou no quarto trazendo com ela um livro grosso e velho. 

Senti que havia alguém atrás de mim e me virei rapidamente dando de cara com Samantha. 

— Ta na hora de saber a verdade! Deu de mentiras e segredos, aqui está o livro! — Kamila conseguiu a nossa atenção novamente para ela e me entregou o livro e logo em seguida nos deixou sozinhas com todos os pensamentos curiosos que vinham e iam pela minha cabeça.