Cosmic Order - DOIS

Sasha e Ian caminhavam na direção contrária a que todos estavam indo. Na mesma direção em que a garota desabou a alguns minutos. Eles caminhavam do mesmo modo que os outros, como na mesma velocidade para não denunciar qualquer diferença com as outras pessoas, apesar de que nenhuma delas estava realmente se importando para onde eles estivessem indo ou o que iriam fazer. 

As câmeras não funcionavam mais, do mesmo jeito que plantas não cresciam mais, e as árvores pelas quais eles passavam eram tão velhas que estavam quase caindo aos pedaços. Não haviam folhas,e nem frutos, eram apenas de um cinza sem vida e deprimente. A Terra estava em uma situação apocalíptica muito antes de acontecer realmente a destruição fatal. Ela estava morrendo aos poucos. 

Eles pararam no mesmo local onde Sasha havia gritado, e logo ali no mesmo local, ou talvez um pouco para frente ou um pouco para trás eles se abraçaram. Um abraço sincero e tão reconfortante, e aos poucos ela foi se soltando até as lágrimas descerem novamente pelo seu rosto. Ela não queria morrer é isso doía tanto que pequenas pontadas em seu peito, e com os olhos fechados sentiu seu corpo pesar, fazendo-a se soltar nos braços do amigo que a segurava fortemente. Ela se sentia segura e amada, e queria poder pausar aquele momento para que nada mudasse. 

— Me desculpe! — Sasha falou enxugando as lágrimas enquanto se distanciava de Ian que a olhava tristemente — Você vai viver e eu estou espalhando minha tristeza para você! 

A garota forçou uma risada mas o sorriso não cooperou, fazendo-a voltar para a estaca zero novamente. Ele também forçou um sorriso, e o mesmo não deu certo. Eles não estavam felizes, não podiam fingir estar quando tudo o que sentiam era a pura agonia em seus corações. 

— Eu não vou! — Ian pronunciou com uma ferocidade que o fez abrir um sorriso sincero. Não queria perder sua melhor amiga, como também não queria a deixar sozinha para morrer. 

—Não! — A garota arqueou a sobrancelha e juntamente o seu coração batia desesperadamente. Ela não pedia o deixar fazer aquilo, iria se sentir tão mal quanto em ficar e morrer sozinha. 

— Você é minha melhor amiga.. 

— E você é o meu melhor amigo.. Não vou deixar você desperdiçar sua vida por mim! — Sasha interrompeu qualquer sentença que ele tivesse pensando em falar. Sua respiração estava ofegante e seus olhos pareciam saltar de seu rosto, então segurou os seus próprios braços com as mãos e pronunciou a última frase com um tom mais suave do que antes — Não vou deixar você desperdiçar sua vida por mim!

Era tão verdadeiro quando qualquer coisa que ela tenha dito. Ela queria muito a companhia de alguém, principalmente de alguém que ela gostasse tanto, mas isso não era o suficiente para fazer alguém acabar com a própria vida por sua causa. Então abaixou encarando os seus pés e o coturno preto que amava usar e apenas falou: 

— Não se esqueça de se despedir. 

Ela fechou os olhos antes de se virar e subitamente voltar pelo lugar em que vieram. Os passos eram rápidos e precisava voltar para casa rápido o suficiente para que ninguém percebesse que não tinha ido direto para casa, levando sorte quando encontrou todos dormindo quando abriu a porta da casa com cuidado.

A garota foi devagar até o seu quarto e fechou a porta com o mesmo cuidado que teve com a porta da frente, e logo deitou-se na cama e deixou o sofrimento pairar no ar por um instante. Queria gritar, mas não podia. Queria dormir, mas não conseguia. E apesar de querer ficar encolhida em um canto da cama, estava agitada demais para isso. Puxou o notebook para o seu colo, colocou a senha e passou a observar todas as fotos que tinha salvado. Foto dela, com seus amigos e familiares, e fotos que achou de alguma forma de quanto a Terra era um lugar bom para se viver. 

Fechou a pasta em um clique e foi entrar na internet que sua avó comentava milhares de vezes que era péssima, e que internet boa era na época dela. Respirou fundo quando viu a pequena mensagem no canto "sua internet foi desconectada" . Mais um pequeno clique e ela foi conectada por um pequeno segundo antes de sumir novamente. E antes que ela pudesse apertar novamente a tela começou a dar pequenas tremidas com distorção de cores antes de se apagar completamente. 

Sasha murmurou alguns xingamentos para si mesma antes de deixar o notebook de lado e ir em direção à janela, mas antes de fecha-la pode observar pequenas luzes no céu escuro se aproximando cada vez mais. Achou estranho no começo pois não poderia ser mais ninguém do recrutamento, e nunca tinha visto algo como aquilo, o que tornava as coisas um pouco mais estranhas. 

As luzes se mexiam rápido demais fazendo desenhos no céu. Sua cor mudava diversas vezes, passando de branco para amarelo e logo após a azul, seguindo todas as cores possíveis até voltar ao branco. Todas as luzes se juntaram em uma só o que fez os olhos de Sasha arderem por um momento, mas logo após as luzes se dispersaram sobrando apenas uma. Um estrondo forte e a luz desapareceu. Sasha saiu correndo ainda apenas de meias para tentar achar de onde vinha aquilo tudo. 

— Oi ? Tem alguém aí? — Ela pedia baixo, no fundo não queria que ninguém a escutasse . Não sabia o que tinha acontecido, e estava realmente afim de descobrir sozinha. 

Em passos rápidos e ágeis mas muito silenciosas Sasha percorrerá sem perceber o lugar que sempre iria quando estava triste demais, ou feliz de mais, ou até mesmo quando iria se encontrar com o Ian, ou antigamente com Kaitlin, sua melhor amiga que foi aprovada no ano anterior no recrutamento. Os três eram inseparáveis, mas agora seriam apenas uma dupla. 

Seus dedos percorreram os troncos secos tirando cascas de alguns com apenas o seu toque. Seu passo estava mais devagar, e ela esposava um meio sorriso. Uma luz forte veio em sua direção o que a fez cobrir seus olhos com os próprios braços. 

— Então qual é o problema exatamente? — Uma voz veio do meio da luz. Uma voz feminina e gostosa de se ouvir, mas ela não a reconhecia. 

Sasha teve que piscar algumas vezes para finalmente seus olhos se acostumarem com a pequena claridade que ainda sobrava. Na cabeça de Sasha era apenas um dos recrutas, ou um dos adultos vizinhos que iria manda-la voltar para a sua casa e dormir, mas a realidade era totalmente diferente do que ela poderia imaginar.

Uma garota estava parada a sua frente, ou algo que parecia uma garota, não sabia ao certo. Tinha um rosto fino e nariz pequeno e empinado, sua boca era carnuda e com um tom natural de vermelho como se tivesse passado um batom forte. Sua testa era um pouco maior que o normal com um terceiro olho e alguns desenhos em formatos de estrelas, seus olhos eram grandes, e tinha uma espessura um tanto magra, enquanto sua pele era uma mistura de azul pastel com verde marinho. E Sasha apenas percebeu que ela estava nua quando a luz finalmente abaixou o suficiente para que sua visão realmente se estabilizasse. Mas o seu corpo não era explícito, era como se sua própria pele fosse sua roupa, e em alguns lugares destacavam algumas tatuagens a qual ela não reconhecia, com formados de sol e desenhos delicados dentro. 

Sasha pensou por tempo demais. A observou por tempo demais. O que fez a garota estranha repetir a pergunta. 

— Como assim ?  — Ela questionou gaguejando. Havia sido pega de surpresa — O que você quer dizer?

-Qual é o problema de vocês? – Um grande ênfase foi adicionado na palavra você, enquanto andava com os olhos cerrados em direção a Sasha, que estava paralisada no mesmo lugar, nem um passo a mesmo e nem uma a mais, a garota estava em choque. Seu coração estava disparado, mas seu corpo não fazia nem um movimento – Vocês é que estão destruindo o Sistema Solar, e agora querem passar para outro planeta para destruí-lo também.. eu nunca vi uma massa de destruição tão grande

A mente de Sasha borbulhava de perguntas e respostas, mas elas de certo modo pareciam não sair de sua cabeça, e seus lábios apenas abriam e fechavam diversas vezes sem dizer uma sequer palavra.

-Eu não sei o que dizer – Ela apenas respondeu com os olhos baixos. Não podia ficar mais em silencio, como também ela não tinha uma resposta certa para aquilo.

-Então apenas sinta.

Seus dedos gélidos e magros encostaram-se à testa de Sasha que quase tomba para trás por causa do impacto da energia produzida e transportada diretamente em sua cabeça. Desespero e angustia era os principais sentimentos que ela sentia, seguidas por imagens de guerras, bombas, planetas e o universo. As imagens eram rápidas demais, e os sentimentos intensos demais, e quando os dedos azuis foram retirados de sua testa a garota estava arfando, e teve que se encostar-se a algum lugar para que não desmaiasse.

Aquilo tinha sido demais para ela, e seu corpo estava tremulo. A culpa era realmente deles, atos pequenos, mas inconscientes haviam adiantado o fim.  

- Isso ira passar, eu prometo! Agora me deixe me apresentar, meu nome é Syela, e eu sou de Netuno, ou era, afinal, o planeta está morto.

Netuno era o quarto maior planeta do sistema solar em diâmetro, e o terceiro em massa, sendo dezessete vezes a massa da Terra e cinqüenta e oito vezes o seu volume, suas características eram ventos fortíssimos, um núcleo rochoso composto de ferro, níquel e silicatos, sendo ainda coberto por uma crosta grossa de gelo. Seu dia durava  em media dezesseis horas. E um ano de netuno correspondia  a 164,8 anos na terra. Netuno era o planeta mais distante do sistema solar, tendo uma temperatura completamente baixa, sendo pelos duzentos e dez graus negativos.  Netuno tinha treze luas conhecidas, e uma delas estava cada vez mais se aproximando do planeta pela gravidade do próprio planeta, e algum dia a lua poderia chegar perto o bastante para que elas se destruam, o que ocorreu naquele ano. Em 2145. Netuno foi destruído pela própria lua. Tritão, como foi chamado, tinha sua orbita em sentido contraria aos dos demais e era inclinada com relação ao equador, além de ter uma atividade vulcânica. Mas a morte do planeta foi por causa da sua colisão com Tritão.

Por fim Netuno é o segundo planeta considerado morto do sistema solar.

Os seres vivos um tanto que avançados que os outros souberam do que iria ocorrer fazendo com que logo em seguida todos seguissem em espaçonaves para sobreviver. Cinco horas depois do evacua mento a colisão ocorreu, transformando o planeta em milhares de pedacinhos que estão espalhados pelo universo, e indo em direção a Plutão, o planeta anão.

—Precisamos salvar o próximo – Syela garantiu em alto e bom som – e eu preciso da sua ajuda!

Marte era o próximo planeta, e a humanidade corria risco de ser extinta. Sua parcela de população da terra estava praticamente morta, pois a lua estava se distanciando, e sua rotação estava menor, tendo dias mais longos do que apenas vinte e quatro horas, e especula-se que em média de alguns meses a lua não estará mais com a terra, fazendo-a parar sua rotação, e se a Terra não morrer por caos de outras ameaças, ela estará sujeita a ir com toda velocidade em direção ao sol. E a população de Marte também estava em perigo, mas a relação com o tempo era algo confuso, e as coisas estavam ocorrendo de uma forma bem mais rápida que o previsto, e o sistema solar poderia ser totalmente destruído em média de um mês, ou talvez menos, ninguém sabia ao certo.


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